terça-feira, 11 de dezembro de 2012

A CANTADA EM TEMPO DE FIM DOS TEMPOS



            É hoje! Se não for, então está perto!
            Bem, pelo menos para alguns o fim dos tempos se aproxima em razão de uma profecia maia. O fenômeno 2012 compreende um conjunto de crenças escatológicas segundo as quais eventos cataclísmicos ou transformadores acontecerão em 21 de dezembro de 2012. Esta data é considerada como o último dia de um ciclo de 5.125 anos do calendário de contagem longa mesoamericano, ou seja, o fim do mundo para o calendário maia fundamentado por meio de um conjunto de alinhamentos astronômicos e fórmulas matemáticas diversas. Para o incauto apenas uma palavra: fudeu!
            Nesse momento é que as velhas cantadas dos tempos de Guerra Fria, do Bug do Milênio e demais profecias nostradâmicas estão de volta. É muito simples, tudo começa com o vetusto discurso que enceta o deadline do mundo e o medo da desgraça generalizada. Nesse contexto, é bom incutir referências maias do 13º baktun em 2012, o Apocalipse bíblico, o Armagedon televisivo e até mesmo a contagem regressiva iniciada pelo Cometa Halley.
            Resta, entretanto, potencializar a desgraça com enfoques políticos, econômicos e até mesmo sociológicos. Obviamente, uma coisa puxa a outra. Basta fazer uma explanação sobre a teoria do caos, como se o que restasse do mundo, após o seu fim, fosse algum tipo de economia mais rudimentar que existe. O cidadão não teria o que comer e, por fim, o caos reinaria calmamente no meio de pessoas aflitas.
            Pronto! Basta cascatear todo imbróglio acima e, em seguida, acrescentar o finado discurso amoroso:
            - Já que o mundo pode se acabar de uma hora para outra, por que não vamos para cama antes que seja tarde demais?
            É claro que tem variantes menos educadas de tal discurso. É o terrorismo do esquema, da cantada, da paquera ou da putaria institucionalizada pela desgraça que ronda o nosso planeta.
Esses discursos nostradâmicos podem se efetivar ainda melhor depois que o sujeito fizer uma restrição temática acerca dos indicativos dos fins dos tempos no Brasil: político condenado, bicheiro condenado, Corinthians campeão de Libertadores e, principalmente, a morte do Highlander Oscar Niemeyer. Pronto, todos os ingredientes de uma autêntica bomba atômica.
            Mesmo o cidadão que mora no cariri, região onde não chove e o mato é verde, é passível de aplicar a técnica. Sabe-se lá se um meteorito ou alguma arca de Noé vai cair na plantação de milho ou feijão de corda. Na dúvida, o argumento do galanteador deve ser objetivo: é melhor dá logo o oiti antes que o mundo acabe.
            A moçoila fica pensativa, coça o queixo e fica perplexa diante de tantas possibilidades. O sujeito, então, faz a pergunta fatal e a possibilidade vira fato consumado. É batata novamente! A gazela se entrega para manutenção sexual, lembrando-se, é claro, daqueles olhinhos pidões e enfeitados pelas sobrancelhas do finado Oscar Niemeyer e a certeza que jamais o mundo iria acabar.
            Se depois de todo esse argumento a gazela não ceder à lasciva do galanteador apocalíptico, este poderá apelar para as instâncias superiores. É fácil o argumento, basta apimentar o imbróglio com muita religião, fé no outro mundo e no arrependimento pelo que não fez nessa vida, já que o mundo vai se acabar de todo jeito. Ao final, a pergunta do “dá ou desce” parece até mais amena e a moça aceita de bom grado, podendo entregar-se à lasciva:
            - Pare, pelo amor de Deus! Não precisa falar mais nada! Eu dou, eu dou, eu dou! Diga onde?
            Essa tática foi a única que Maquiavel não descreveu no capítulo reservado para a arte da conquista em sua obra “O Príncipe”. Talvez se começasse a descrever a posologia da conquista amorosa, Maquiavel teria obrigatoriamente que criar um novo capítulo em sua obra: Do Terror e da Testosterona: O Aterrorizante Discurso do Amor.
            Se nada disso funcionar para dar azo à subsistência amorosa, a único recurso que sobra é apelar ao vetusto filósofo Pranchú, que, em tempos de bagaceira universal, sempre possuía um discurso sereno e tranquilo para as benesses da vida:
            - Nasci careca, pelado e sem dente. O que vier é lucro!
            Assim falou Pranchú!

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

O CABAÇO ENQUANTO COMMODITY: UMA ANÁLISE MACRO ECONÔMICA DOS LEILÕES DE VIRGENS À LUZ DO PENSAMENTO PRANCHURIANO




   Há quem diga que sexo e dinheiro são a força motriz da humanidade. A assertiva não surpreende, o que surpreende é que ainda exista quem duvide disto. São muitas as crises, o século passado foi abalado por algumas grandes, notoriamente o Crash de 29. Entretanto do ano 2000 até o momento crises econômicas pipocam como milho no asfalto em Patos. Em 2008 o mundo se viu à beira de um caos financeiro quando certos espertalhões deixaram a perder de vista as prestações de suas casas e os banqueiros fingindo que não era com eles. À reboque a indústria automobilística americana que, se não inventou o carro, foi a força industrial que o fez popular (não no sentido 1.0 da palavra). Em mais um prenúncio de crise eis que surge uma Commodity: o cabaço.

    Nada mais precioso que um cabaço. Uma simples junção de carnes há quem diga. Em certas culturas avançadas o cabaço é retirado no momento do parto para que não haja discriminação entre meninos sedentos por sexo e meninas recatadas com medo de que sejam maculadas pela má fama de "trepadeira". Em culturas primitivas o cabaço é retirado com duas pedras para que a futura mulher não sinta prazer. O importante em tudo isto é que existe um valor agregado nesta simples junção de carnes. É a força primordial da economia, é a pedra fundamental: a lei da procura e da demanda, ou seja , quanto mais difícil de se achar um cabaço, mais valioso o é.

    Em tempos de dança da garrafa sem devolução de casco e de bailes funk com trenzinho do sexo, um cabaço é algo em torno de 18 quilates. Sendo assim começaram a leiloar cabaços tal como no concurso australiano onde uma brasileira conseguiu se classificar para que seu cabaço fosse disputado mundialmente. Quando era criança e falava coisas de criança ouvi dizer que a informação seria a moeda do futuro e outros diziam que a água seria mais valiosa que o petróleo. Ninguém previu que a putaria vindoura seria tanta, mas tanta , que um cabaço atingiria a marca de 150 mil dólares em um leilão. Pois foi o que aconteceu e como cada ação tem uma reação, ainda mais há por vir no que tange o leilão de cabaços.

    A convergência de serviços permeia a tecnologia quando você pode assistir televisão no seu celular e conversar em sua televisão. A convergência também serve para unir a demanda por cabaços e cirurgias plásticas. Geisy Arruda inaugurou a modalidade do cabaço iô-iô, ou seja, em se tratando de uma virgindade há muito perdida, nada como passar o cartão do plano de saúde e fazer uma reposição instantânea. É só unir o que Deus certamente não separou, passar merteolate, soprar um pouco (vale lembrar que o merteolate que antes ardia hoje não arde mais) e pronto ! Dependendo da qualidade do cirurgião, se este trabalha com amor e afinco, o mesmo olha para a vagina recém imaculada e diz: Parla !

    Lembremos que existem os casos de cabaços elásticos, mas são tão raros, tão raros que tais mulheres nem precisam de audiência pública para alcançar o topo: provavelmente todas sejam princesas ou duquesas em países da Europa. Mas nem só de cabaço vive o homem e nem todo cabaço que reluz é ouro ! Existe um requisito de beleza primordial, pois tal qual o poeta português Geraldo Carneiro fala em suas epopéias: 

    "Mulher feia é que nem jumento, só quem procura é o dono"

    Não basta ser cabaço, tem que participar e na fila da beleza há de se passar algumas vezes. Se o dom da bela feição não toca a mulher que exibe seu cabaço publicamente, de nada lhe adianta, pois aí entra em vigor a premissa encontrada nas ruínas de Luxor no Egito: 

  "É melhor comer um filé com os amigos que comer um prato de bosta sozinho"

    E assim a humanidade segue a passos de formiga rumo ao desfiladeiro. Entretanto nestes momentos encontramos refúgio nas sábias palavras de Pranchú, oriundo da perdida Pranchúria, que andou pelo mundo desde a Pangeia e deixou rastros em várias culturas. Há um monolito na Ilha de Páscoa atribuído a este filósofo que resume tudo: 

"Em terra de arrombada quem tem cabaço reina !"

Assim falou Pranchú !

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

50 TONS DE PICA: UMA ANÁLISE LITERÁRIA À LUZ DO PENSAMENTO PRANCHURIANO





    A mulher chega do trabalho, coloca seu paletó estilizado em cima do sofá e descansa um pouco enquanto a janta não está pronta. Sendo uma mulher de negócios, independente, a forca motriz de seu lar, tem empregadas (ou como se diz com eufemismo: "secretárias) para lhe servir. O movimento feminista galgou degraus nunca dantes alcançados no seculo passado entretanto nem todas as mulheres puderam desfrutar disto. A patroa pede um suco de framboesa enquanto aguarda o célebre 'chamado da cozinha' (tá na meeeeeeesa). Pedido feito, pedido atendido e a patroa, confortável em sua chaise, volta a folhear seu livro. Na verdade passou todo o dia ansiosa por este momento: o de voltar aos bracos do senhor Gray.
    Degustando seu suco devora página após página do livro que não deixa a capa a mostra, pois tem uma filha de 15 anos e que, naturalmente, não pode conhecer ainda "as dores do amor". Em uma família tradicional esta menina nao deveria nem mesmo saber o que é o amor no sentido discutido neste texto. Entretanto hoje em dia não seria nenhum absurdo uma menina de 15 anos ser capaz de descrever todos o pormenores de um intercurso sexual. Talvez acharia nojento. Há quem diga que o sexo é nojento.  Por isso sua mãe a preserva com pudor justificável.
    Mas o que tem demais este livro ? Lembremos que o Marquês de Sade já ruborizou a humanidade há séculos. A sociedade olhou para si mesma e viu que o que se fazia entre quatro paredes era bem mais que o classico papai-mamãe, posição pela qual os Neandertais geraram os Homo Sapiens. Sade mostrou que a Alcova pode ser criativa e dolorosa, e como já foi dito, há anos. O papai-mamãe já foi extinto e talvez hoje só seja praticado por jovens ofegantes dentro de automóveis, ditas 'alcovas ambulantes' ou, por que não, 'alcovas móveis'. O inconsciente coletivo quer apagar o papai-mamãe da memória. O sexo exige a criatividade ! E como disse o profeta marroquino Ali al Baba Lu: faça o sexo, pois o sexo fez você. Tambem lembremos o tom revolucionário de Che Guevara quando parafrazeamos suas palavras na assertiva: Hay que trepar sin perder la ternura ...
    Certamente esse livro não traz nada de novo. O que é inedito sim é o fluxo da demanda sexual. Ele não parte apenas do homem. O menino no processo de se transformar em homem feito forja sua experiência atraves do onanismo. São anos de sangue, suor e lágrimas. Este processo era feito de forma solitária em época de repressão sexual. Hoje este processo é feito a dois, três e com vagas abertas para mais. Tem-se uma geração onde o onanismo, antes respeitado e considerado ritual de transição, é tido como um mero fetiche. O camarada está enjoado de suruba e bate uma punheta 'just for a change'. A menina antes privada de tudo hoje escolhe todas as letras do abecedário sexual com quantos parceiros lhe convier.
    Hoje quem bota as cartas na mesa nao é mais o homem, antes o unico conhecedor do jogo da sedução. O livro 50 tons de cinza mostra que o fluxo do desejo sexual mudou de direção: mulheres semi vestidas em pedaços de couro portando instrumentos medievais para o acoite sexual e os homens, trêmulos e acuados na quina de um quarto, apenas de cueca. Entretanto os que entendem da palavra de Pranchú sabem que esta situação, que deveria ser igualitária, está desfavorável ao macho.
    Voltemos ao livro da patroa. Como podemos analisar esta pérola literária à luz da filosofia pranchuriana ? Segundo esta corrente filosófica tudo não passa de uma farsa. Toda atitude descrita em um livro onde a mulher sente prazer levando chicotada na xereca é um embuste. Este 'neo sado masoquismo' nao sobrevive ao teste do cuzinho, ou seja, quer sentir dor e prazer ? Larga esse moi de couro e chicote, minha filha, e vira o cuzinho ! Porque levar xicotada no livro pode ser bonito, mas na vida real poucas gostariam ! Ou como estão eternizadas as palavras de Pranchú na pedra do Ingá:

"Tem gente que quer ser viado com o cú dos outros"

Assim falou Pranchú !

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

PRANCHÚ E OS FILÓSOFOS GLUTÕES



    Pranchú andou por desertos áridos e florestas úmidas. Conheceu homens e mulheres simples, de pouco conhecimento, e argumentou com sábios detentores de conhecimentos milenares. Descrevemos aqui a incrível passagem de Pranchú pelo antigo templo de Delphos , na Grécia, onde proseou com os filósofos glutões. 

    Pranchú chegu a Delphos e passando pelas ruelas da cidade começou a escutar um burburinho sobre sua presença ali. Os locais comentavam "quem é esta figura de chapéu de couro ?" ou "de onde veio o forasteiro com uma peixera * ?". Apesar da antiga Grécia ser cosmopolita sempre um estranho era notado e sua reputação posta em dúvida. Todos queriam saber de onde vinha aquele indivíduo, se era o mesmo do qual se falava que respondia com destreza às questões mais complexas da natureza humana. Os comentários sobre a presença de Pranchú chegaram ao conselho dos Filósofos Glutões, sábios que regiam as leis por ali e debatiam sobre as questões cruciais daquela já tão avançada sociedade. Passavam o dia em um templo dedicado a eles mesmo, discutindo, comendo e bebendo.
    Através de um moleculah ** Pranchú foi avisado que um convite lhe fora feito para jantar com os sábios do conselho. O garoto de recados esperou que Pranchú desse uma baforada no seu cigarro pé de burro. Pranchú cuspiou em uma escarradeira de porcelana próxima e disse: "volta lá, abestado, e diz que na hora da Ave Maria eu chego". O moleque correu de volta para o templo e anunciou a boa nova. 
    Entretanto a intenção dos sábios não era das melhores. Cientes do poder intelectual do forasteiro sentiram medo, pois assim são os homens de poder. Arquitetaram então planos para que o mesmo fosse humilhado a qualquer custo. Para eles Pranchú não poderia se sobressair nas discussões pois os filósofos seriam desmoralizados e seu poder, baseado na ignorância alheia, seria naturalmente descreditado, gradualmente destituído. As horas passaram e o coral de crianças castrati entoaram a Ave Maria no coreto da praça principal em frente à igreja matriz. 
    Os filósofos sentaram à mesa a espera de seu conviva. Um bode seria sacrificado e uma buchada com fios dourados lhe seria oferecida. Vinhos das vinículas mais nobres foram postos na adega principal e até mesmo uma bebida destilada de origem desconhecida chamada 51 A.C. foi trazida para o grande evento. Transeuntes pararam em frente ao templo e começavam a se acotovelar para pegar um lugar de onde conseguissem escutar o debate. Tal embate seria histórico e tinham tanta razão que hoje estamos aqui revisitando estas páginas amareladas da História. 
    Pranchú chegou ao templo e pouco a pouco as pessoas abriam espaço para o caminho rumo à mesa. Lá estavam todos os filósofos, seis ao todo, conversando entre si e fingindo não perceberem o convidado entrar, pois assim são os arrogantes. Pranchú chegou à beira da mesa e se apresentou dizendo:
     Ôpa ! 
    Os filósofos se entreolharam censurando as palavras econômicas daquele que disseram ser um sábio. Esperavam uma introdução formal, talvez até uma poesia ressaltando seus próprios feitos. Mas não. Entretanto Pranchú quebrou o breve silêncio com uma pergunta: 
    Será que rola uma cachacinha ? 
    Desta vez os sabios não apenas se entreolharam, mas também começaram a comentar , todos juntos, sobre o que seria aquela figura misteriosa. E ainda mais: o que seria "uma cachacinha" ? Seria alguma espécie de embate verbal ? Físico ? Seria uma ofensa ? Um elogio ? Ao ver a dúvida no ar Pranchú desfez o mistério dizendo em voz alta:
    Vocês deixem de frescura e me passem aquela garrafa de 51 que eu tô com uma sede arretada ... 
    Um serviçal foi chamado para servir o forasteiro que lhe tomou a garrafa retirando a rolha com os dentes. Sorveu o líquido desconhecido em goladas consistentes. Quando Pranchú deixou a garraffa na mesa um rapaz cheirou o conteúdo da mesma e caiu no chão desacordado, sendo socorrido pelos demais serviçais. Tal bebida não era para neófitos. 
    Pranchú sentou-se e passou em revista todos os filósofos. Sábio que é sentiu o clima de cilada mas ficou tranquilo, pois assim são os guerreiros. Foi quando um filósofo dentre os seis, talvez o mais velho, se dirigiu a Pranchú dizendo: 
    Oh forasteiro vindouro de terras desconhecidas, o que trazes de oferenda para este jantar ? Ou é de costume de teu povo chegar à uma mesa sem nada trazer ? 
    Toda a mesa estrondou em uma volumosa gargalhada. Pranchú deixou o silencio lhe dar a vez da palavra respondendo à pergunta com outra: 
    E vocês tão liso é ? Tão procurando um macho pra lhes sustentar ? Ô careca me passa esse pedaço de pão aí pra eu tirar o ranso dessa cachaça. 
    Os filósofos se calaram e alguns levantaram as sobrancelhas surpresos, mas o povo que via de fora o desenrolar da cena gargalhou com tamanha audácia daquele homem simples. Perceberam que Pranchú estando à mesa era como se cada um deles estivesse ali comendo e bebendo do melhor,  fazendo desfeita dos bossais. 
    Um outro filósofo limpou a garganta e um pouco mais comedido perguntou: 
    Oh forasteiro desconhecido, de onde vens, para onde vais e o que fazes aqui ? 
    Pranchú com a boca cheia de pão respondeu: 
    Vim falar com sua mãe e vou embora com sua irmã ... 
    A esta altura do "debate" o povo já estava em polvorosa , vibrando muito e quase invadindo o templo para melhor escutar aquele que veio de longe e que com poucas palavras constrangia tantos sábios de uma só vez. Ao perceber que a situação lhe estava desfavorável um dos filósofos colocou a mão na perna de Pranchú e disse:
    Vou te lançar um enigma, e tal qual a Esfinge, decifra-me ou te devoro ...
    Foi aí que Pranchú sacou da sua peixera e com as costas da lâmina tirou a mão do desafiante de sua perna, proferindo:
        Já entendi tudo ! Vocês são tudo é peroba ! Ficam aí tudo enfurnado nessa loca aqui trocando o fio fó ! É como digo:

"Diga-me com quem andas que te direi quem comes" 

Assim falou Pranchú !

    Dizem que após a passagem de Pranchú os princípios da democracia contagiaram os populares gregos ...

* faca amolada pra dedéu
** Moleculah palavra de origem árabe que significa: moleque , vai aculá, por Alah ! 

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

O ELO PERDIDO





    Desde os primórdios até hoje em dia o homem ainda faz o que o macaco fazia, ou seja, ele fede. O homem adulto explode em uma proliferação infinita de pêlos que , como resultando de sua labuta diária, cria a fedentina. Sempre foi assim. E foi pior, até que com o advento do sabonete a fedentina se transformou na famigerada nhaca. Se o sabonete é bom a nhaca não ofende o olfato. Se o sabonete é ruim ele dá vazão ao cheiro sobre o qual se conclui: 'há um macaco mal lavado no recinto' ! 
    Pois bem, até o sabonete a humanidade de fato evoluía. Por ter a mulher como inspiração para tudo, aparatos químicos foram criados para que estas encobrissem seus odores, digamos, nada nobres. A eterna busca da fonte de juventude contida em um recipiente de cinquenta reais para nossas musas inspiradoras fez eclodir uma série de produtos em forma de creme, líquido e pó para que a mulher da vida real ficasse mais perto daquela idealizada no amor platônico. Em nossos sonhos infanto-juvenis a mulher platoniana flatula Leite de Rosa e tem um bafo de capim santo. Em termos de higiene pessoal a humanidade achou o elo perdido: o sabonete para o macho e demais produtos para a mulher.
    Muitos dirão 'mas isto é um exagero' ! O homem também usa shampoo ! Errado. E  utilizo exemplos para provar que o uso do shampoo pode ter sido o começo do fim. Perguntando ao meu avô como é possível ter uma cabeleira e um bigode brancos, de textura leitosa, ele responde sem titubiar: 'sabão de côco, abestado' ! No ímpeto de  perguntar ao meu pai se ele usa shampoo sua calvície me faz calar, impedindo uma questão estúpida. Portanto ou o macho usa sabão de côco ou é calvo. O shampoo foi portanto o começo desta derrocada. 
    Não se sabe ao certo mas estatísticas podem provar (sim ! as estatísticas são as damas de companhia dos argumentos) que tudo começou quando um menino (não se sabe qual, não se sabe mesmo se foi apenas um, não se sabe de porra nenhuma) entrou nos aposentos de sua mãe enquanto ela estava na cozinha e começou a vasculhar os produtos alquímicos embelezatórios: pó pro rosto, creme pras mãos, batons ... Neste momento (caso o leitor pudesse ver a cena) uma luz saía do estojo de maquiagem e iluminava o semblante  macabro e fascinado daquele garoto. Balbuciando um pensamento disse para si mesmo 'um dia usarei tudo isso ! Abalarei Bangú ! Seu ar compenetrado foi quebrado pelo som que veio da cozinha 'Emanuel * ! vem comer minino' ! Mas a promessa estava feita, um pacto foi selado. O tempo passa e o menino virou homem em uma metamorfose tal qual a de Benjamin Button que nasceu com cara de véi e foi perdendo as pregas. Não apenas shampoo lhe satisfazia mais, precisava também de um creme para alisar cabelos. Do creme capilar 'alisa pentei' foi ao creme hidratante. Do hidratante foi à depilação peitoral. Pronto ! E como o homem do sertão diz quando vaticina a derrota alheia:  Acabou-se o homem ! Surge o metrossexual: este ser que não apenas usa tudo e mais um pouco o que sua mãe usava como também faz as unhas e desperdiça preciosas horas no cabelereiro. Aliás tocamos em um assunto que será abordado em um texto vindouro: o cabelereiro tomou o lugar do barbeiro, mas não nos desviemos do assunto...
    A humanidade achou o elo perdido entre o homem e o macaco. O metrossexual perdeu o elo, ou o aro e sobrepôs uma linha evolucionária sobre outra, ou como se diz no sertão,  acaraiou ** tudo. O que a lei da natureza aprimorou por milênios o metrossexual derrubou em menos de uma década. Se a década de oitenta ficou conhecida como a década perdida, a da ascensão metrossexual será conhecida como a década da rosca perdida. E é quando a humanidade se distancia de seus preceitos é que a História surge como tábua de salvação. É de lá que tiramos o consolo (sem referência ao consolo de borracha) ao refletirmos sobra as sábias palavras de Pranchú:

     "Homem que é homem tira o sebo do pau e come" 

    Assim falou Pranchú !

* o nome Emanuel é puramente ilustrativo. 
** acaraiou do verbo acaraiar. Do latim acaraialium utilizado pela primeira vez quando Nero decidiu tocar o foda-se em Roma e disse 'tô puto, vou acaraiar com essa cidade , porra'.

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

DO COMPLEXO DE ÉDIPO COM A MÃE ALHEIA: LIÇÃO DO POLÍTICO



Alguns heróis místicos enfrentavam problemas profundos, por vezes insolúveis. Para os antigos gregos, as suas histórias trágicas demonstravam o quanto a estrutura humana é falível e todas as suas desgraças eram originadas pela sua condição de homens. Talvez um dos mais famosos heróis trágicos seja o tal do Édipo, em cuja história encontrou bem definido um dos mais tormentosos conflitos a que se chamou “Complexo de Édipo”.
            Pulando a parte escatológica e demasiada ficcionista da lenda, o tal do Édipo, nome que significa “pés-inchados”, foi um sujeitinho muito do cafajeste. Imaginem, fugiu da casa dos pais adotivos, matou o pai natural, decifrou o enigma da uma esfinge (monstro com cabeça de mulher e corpo de leão) e, por fim, traçou a mãe, uma rapariga chamada Jocasta. A Rede Globo até fez uma libertinagem televisiva a respeito desse fato grego.
            No final, todos descobriram o acontecido, Jocasta se enforcou e Édipo furou os seus próprios olhos, partindo para o exílio. Esse é, em suma, o Complexo de Édipo. Contar uma lenda grega, além de cultivar os espíritos mais ignorantes, talvez seja uma ilustração para as realidades vivenciais.
            Até o grande psicólogo Sigmund Freud viu nesta lenda o modelo de um conflito fundamental do homem. Negócio de baitola mesmo. Entretanto, muitas das situações vivenciadas hoje em dia são resultados de profunda ignorância, outras, em simultâneo com essa ignorância, são profundas carências afetivas e angustiantes frustrações sentimentais que levam os homens a se agarrarem a antigas lendas para mitigar situações psíquicas, por vezes bem confusas que os atormentam.
            É o caso, por exemplo, do político em vias de votação no Congresso Nacional. Em tempos de emendas, reformas e outras construções, o político se vê às voltas de uma profunda crise existencial, regada a mensalão, jetons, batons e outros tons. Esse angustiante complexo humano cria uma espécie de arquétipo com o sujeito público em fase de votação.
            Parece uma definição abstrata e de difícil compreensão, mas é fácil de ser encontrado no Congresso Nacional. Ora, eles aparecem na televisão, defendem a nação e posam como justiceiros representativos. Mas, em nenhum momento questionam os jetons e mensalões da vida, não têm empatia com a vontade geral da nação e aproveitam o tempo para articulações políticas, afinal, tão logo estarão aposentados. Os políticos, em geral, legislam o que não dói no seu bolso.
            Eis que surge o tal do Édipo na política, em que o político mata os pais adotivos (os eleitores), decifra o enigma da esfinge (vota em projetos de interesse particulares), mas não traça a mãe dele, a messalina chamada Jocasta, afinal, ele não é a besta mitológica d’outrora. Ele fode mesmo é a mãe dos outros.
            O político, então, se resigna ao Complexo de Édipo, mas não sofre por ter lascado a mãe alheia. Ou seja, lamento pelo que votei, mas não pelo que ganhei. Assim é a vida, uns sofrem pelo que tem e outros pelo que não tem. Há, ainda, os que sofrem pelo que têm, pelo que os outros também têm e pelo que os outros não vão ter mais. É o Complexo de Édipo com a mãe alheia.
            A infelicidade do político é indubitavelmente filha da ignorância mesclada com fracasso sentimental e carências profundas. Infelicidade de político é não poder revogar a Lei da Relatividade por intermédio de Lei Ordinária, pois o resto ele pode tudo. Essa conclusão remota as encíclicas pranchunianas referente à mistura da política com a química orgânica:
            “O grau máximo da política e da química orgânica é estruturado pela seguinte fórmula: 2 meteno e 1 bezeno!”

            Assim falou Pranchú!

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

DA VITÓRIA SOBRE SI MESMO


            A cara já estava esbaforida, os dentes estavam trincados, a pressão intracraniana parecia que iria estourar o cabeçote, as meias pareciam extensões das glândulas sudoríparas, as mãos suavam igual ao corno da descrição de Nelson Rodrigues e a posição era fecal, digo, fetal. Depois desse extenso apanágio da posição do indivíduo em plena arte defecante pós-moderna, nada do caboclo descer.
            Depois da frustrante tentativa de botar o moreno pra nadar na privada, o sujeito sai todo engomadinho da casinha privada. Olha meio desconfiado para um lado, para o outro, mas nada que o abale ante a frustração do momento de depurar no banheiro da empresa.
            Fatigado e contrariado pela merda renegada, o sujeito volta a trabalhar. Senta-se em sua mesa, coloca uma das mãos e o cotovelo do outro braço na escrivaninha, inclina-se obliquamente, dá uma ligeira levantada na perna esquerda e alivia a sua angústia enrustida.
            A onomatopeia é acompanhada por uma emanação volátil e gasosa do corpo, cujo cheiro é peculiar do saturado de anidrido carbônico. Como se não bastasse o ato vil de usurpar o ambiente de trabalho com essas emanações, o sujeito ainda pensou em voz alta:
            - O peito é o grito de liberdade da merda oprimida!
            Todos olham para ele e, espantado com o potente decibel do seu próprio pensamento, o sujeito arremata:
            - Desculpem, saiu sem querer!
            Não importava mais, afinal, querendo ou não querendo, a ventosidade já tinha sido ventilada igual às fétidas palavras. Em que pesem as caras de espanto, o sujeito estava um pouco tranquilizado, mas nem tanto, afinal havia um urubu beliscando a sua cueca que insistia em não sair.
            Tudo era questão de psicologia, pois o urubu já era domesticado. Era tão domesticado que só tendia em sair se fosse no recanto sossegado do seu lar. É verdade, por mais que aquele sujeito tentasse exorcizar o caboclo no banheiro da empresa, o urubu só sairia para voar se fosse dentro do seu próprio lar.
            O sujeito procurou médico, pai-de-santo, cu-randeiro e até veterinário, mas nada do caboclo sair. O sintoma da moléstia que o sujeito era acometido chamava-se “constipação”, nome arredio para designar a prisão-de-ventre dos tempos da escravatura, do ventre-livre e do chazinho de boldo.
            Várias explicações eram dadas pelos médicos sobre a tal constipação.
            - Olhe, meu filho, acho que você tem a síndrome da intensidade intestinal, ou seja, você tem um intestino maior do que o dos outros, por isso você não defeca todo dia. Já o pai de santo dizia:
            - Mê-za-fí, tu tem o intestino preguiçoso, por isso que não consegue fazer descer o caboclo!
            O cu-randeiro pregava:
            - O problema é de prega!
            Já o veterinário prescrevia:
            - Não faça força no momento de liberar o urubu, caso contrário ele se retrairá.
            Até mesmo o sogro opinava:
            - Isso é frescura do seu frezado!
            Com tantos prognósticos, só restava o consolo de que a posologia, em geral, era uma só: purgante de efeito brando em suaves doses, além de cereais e fibras. Caso ficasse mais de cinco dias sem botar o moreno para nadar, teria que tomar o purgante em dose cavalar, tendo uma resposta efetiva e imediata.
            O sujeito passou a andar com uma pilulazinha verde no bolso, cujo significado estava ligado à felicidade do sujeito perante o trono da empresa onde trabalhava. Era a pílula da escolha pela fuga da Matrix, dando, é claro, uma passadinha no banheiro da empresa antes.
            Com essas dificuldades que presenciamos diariamente, podemos inferir que todo cagão é feliz e não sabe. Esse não é um problema endêmico, mas um problema geral que o povo não comenta por causa da vergonha que geralmente cerca as histórias do oiti. Era como dizia o velho filósofo Pranchú, nos idos de 1969, em sua passagem pelo Carnaval de Cabedelo, na Paraíba:
            Pegar mulher feia e cagar todo mundo faz, mas ninguém gosta de comentar.
            Assim falou Pranchú! [1]



[1]. Texto originalmente intitulado Constipação S/A (Sozinho e Anônimo).

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

DOS COMPASSIVOS



-                     A vida da gente é um aperto! O que você acha?
-                     Pois é, a gente vive nesse aperto miserável e a mamãe não economiza mesmo.
-                     É verdade! Veja o famigerado vício do cigarro, por exemplo. Ela bem que poderia parar de fumar e economizar para o leite. Cê sabe, o leite tá os olhos da cara!
-                     O pior é que não adianta espernear, bater, gritar ou fazer greve de fome. Ela só dá razão ao vício.
-                     Você lembra quando nós dois ficamos uma noite sem dormir e esperneávamos tanto que ela também não dormiu. Nossa Senhora, parecia um dia de glória: “o embate de gerações.”
-                     É,  mas no final quem ganhou o embate foi ela. E para relaxar, tome cigarro e fumaça para os nossos juízos.
-                     Acho que vou ter uma séria conversa com ela hoje a noite ou, pelo menos, farei com que ela reflita a respeito de tudo.
-                     Tem jeito não irmãozinho! Você lembra quando ela bebeu tanto  uísque que vomitou toda aquela feijoada do almoço? Eu nunca passei tão mal na minha vida ao ver aquela cena. O cheiro da mistura me dá náuseas até hoje. Sabe o que ela fez depois? Fumou um cigarrinho para se tranqüilizar!
-                     Uh, que nojo! Eu me lembro sim! Aquele cheiro perdurou muito tempo no ambiente.
-                     Sabe o que é pior? Eu hoje até que estou gostando do cheirinho da fumaça do cigarro! É o mesmo que cheirar aquele lençol velho desfiado,  em que colocamos as partes desfiadas no nariz e sentimos cócegas. Mantenho esse vício quando a mamãe pega aquele leçolzinho velho de guerra.
-                     Eu também acho! Estou gostando também do cheirinho do cigarro,  mas eu odeio as baforadas no rosto. É pior do que uma cuspida!
-                     Concordo! Baforada no rosto é o fim! E o pior é que, às vezes, não dá nem para correr.
-                     Eu também não entendo a forma com que a mamãe segura o cigarro. É uma delicadeza tão grande, uma sutileza magistral entre o fura-bolo e o cata-piolho, as pernas estrategicamente cruzadas e o ar de empáfia estampado no rosto. Eu nunca prestei atenção nas outras pessoas, mas será que elas também ficam com esse ar de soberba quando fumam?
-                     Não sei, também não prestei atenção! Mas, já que você falou sobre isso, acho que a mamãe tem mais delicadeza com o cigarro do que com o papai. Certa vez eu a ouvi dando um conselho para uma amiga que estava se  divorciando, ela dizia: “homem é como cigarro, quando não tiver mais nada o que dar e ficar só a piola, joga fora!” Eu não entendi direito o que ela quis dizer com isso, mas acho que não é uma coisa boa.
-                     Não sei se a mamãe é uma boa conselheira, só sei que ela guarda o cigarro como se fosse um relicário. É uma pena, nem fotos da nossa irmãzinha ela guarda direito.
-                     Irmãozinho,  você está vendo o que eu estou vendo?
-                     Baforada de novo, não!
-                     Corre irmãozinho, vai para algum lugar!
-                     Vou me esconder atrás do pulmão!
-                     Você tá doido? O pulmão está cheio de uma fuligem preta nojenta que fica grudando nas mãos.
-                     Então me abrigarei pelo fígado!
-                     Que fígado? Esqueceu que o uísque da semana passada comeu a metade do fígado! A mamãe ainda nem sabe disso. Fica quieto e se esconde em outro lugar.
-                     Tudo bem, exceto no intestino que é uma merda.
-                     Cala a boca e corre para atrás do pâncreas!
-                     Mas lá tem um caroço do tamanho de uma mexerica. Vou pra lá não!
-                     Fique perto das costelas e não se mexa!
-                     Mas as costelas estão tão debilitadas por causa do cigarro que eu acho que não cabe nem a minha perna.
-                     Você é um irmão gêmeo muito burro!
-                     E você que é inteligente de mais, onde vai se esconder?
-                     Não vou me esconder, estou adorando esse cheirinho de nicotina do Free! A minha cabeça fica muito doida!
-                     Então, já que você é o sabichão de nós dois, onde eu me escondo?
-                     Sei lá! Te vira! Vai tomar no cu!
-                     Lá, não! De novo!
            Essa parábola, que conota a saga dos compassivos, remonta um vetusto ensinamento pranchuniano relacionado ao filho renegado. Na ocasião, perguntaram a Pranchú qual seria o tempo verbal da seguinte frase: “Isso não poderia ter acontecido”. Pranchú, no auge de sua sapiência respondeu: “Preservativo imperfeito.”
            Assim falou Pranchú! [1]



[1]. Texto originalmente intitulado Os Irmãos Nicotina.



quarta-feira, 12 de setembro de 2012

DA SOCIEDADE DOS SUICIDAS ANÔNIMOS



Na história mundial, inúmero são os casos de indivíduos que procuram voluntariamente a morte, como Adolf Hitler e Eva Braun, Getúlio Vargas, Santos Dumont, Kurt Cobain e tantos outros que se perderam nas brumas do próprio tempo. Segundo o sociólogo Émile Durkheim, os tipos mais característicos de suicídios foram classificados em egoísticos (desajustamento), na moderna sociedade, e os altruísticos, nas sociedades primitivas e tradicionais.
            O suicídio egoístico resulta-se da não integração do indivíduo à sociedade e do desajustamento, que é a ausência de padrões sociais que regulam o comportamento do indivíduo. O indivíduo altruísta, integrado na sociedade, utiliza a sua vida em obediência aos costumes sociais e o suicídio será uma obrigação, um ato relevante, como o dos brâmanes, gregos, japoneses hara-kiri e, atualmente, os monges budistas do Sudoeste Asiático.
            No Brasil também temos os nossos próprios suicidas anônimos que, em um ato desesperado, buscam a outra vida pelas próprias mãos. Trata-se de um suicídio altruístico e institucionalizado pela alcunha de matrimônio, o vetusto casamento. O casamento parece uma doença que, quando não mata, deixa aleijado. Teorias psicológicas, baseadas nas ideias do afrescalhado Freud, ligam as causas desse suicídio matrimonial ao estudo da autoacusação, ressentimento e frustração.
O suicídio começa na simples afirmação: “aceito!” Pronto, o suicídio se concretizou pelas próprias mãos que assinaram os proclamas e colocaram o anel-enforcamento. Nada mais de cerveja depois do trabalho, futebol com os amigos só depois de ir ao supermercado, shows só os que não fizerem barulho, cinema com filme sem ação e, para rimar, sinuca nunca.
O sujeito começa a observar os amigos com aquele ar de nostalgia: “Ah, os meus tempos de solteiro; Tempos que não voltam; Tempos em que a aurora da minha vida era Aurora (árdua trabalhadora de empreitada em uma conhecida casa de recursos humanos na Av. Índios Cariris, em Campina Grande, na Paraíba).” Em meio dessa instigante divagação filosófica ouve-se um grito esguio de dentro da cozinha:
“- Imprestável, não sabe nem comprar um litro de leite!”
            Enfim, mesmo diante de todas as adversidades que este ato vil traz para a sociedade, grande parte das pessoas se suicida dessa forma. Foi o que aconteceu há alguns anos com um colega de Aracajú, um sujeito que passou a residir na capital do país e cuja graça atende por Flávio Pboy.
Ele se enforcou com uma aliança de 24 quilates e 25 quemordem, fato que também ocasionou uma contenção de despesas resultantes dos embalos de sábado à noite no Plano Piloto. Bem, o hobby dele passou a ser o de colecionar e-mails de casamento para enviar aos amigos e, ao que parecia, ele fazia isso por meio de mala direta, em que os e-mails eram dispostos com seguintes dizeres: “o casamento é um sacramento imortal”, ou “o casamento é uma obra de divina!”, ou ainda, “o casamento é a introspecção da natureza humana!”.
            Foi nesse instante que refleti no que realmente consiste o suicídio, pois enquanto o suicida ficar somente no suicídio, tudo bem, afinal o problema é dele. Mas, a partir do momento em que o suicida instiga ou induz para que outros possam se suicidar também, aí o problema passa a ser de ordem pública, incidindo no que preceitua o art. 122 do Código Penal, que dispõe como crime o ato de induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para que o faça.
            O suicídio-altruístico-matrimonial, como obra divina, é o único que tem testemunha, e logo duas, no mínimo. É a própria morte assistida e comemorada, uma espécie de eutanásia da piroca. Como ser complacente com tamanho infortúnio pós-moderno? Ora, não sendo. Irresignado com essa barbárie recente do caro colega Pboy, por intermédio da mídia virtual, sinto-me na obrigação moral de afirmar:
            “-Se quiser casar, case! Mas nunca instigue alguém ao suicídio.”
            Que o seu suicídio altruístico não se transforme em egoístico, pois, como disse o sábio Pranchu na invasão de São José da Lagoa Tapada pelos Fenícios:
“- Casamento é bom, mas morrer queimado deve ser bem melhor!”
            Assim falou Pranchú![1]



[1]. Importa consignar que o autor também se suicidou!

terça-feira, 4 de setembro de 2012

A FÁBULA DA MENINA PORCELANA E DO PLAYMOBIL



Ela já era uma linda mulher quando eu ainda era pirralho e brincava de playmobil. Não me refiro a uma balzaquiana dos dias de hoje, mas uma gazela que era alguns poucos anos mais velha do que todos nós. Era aquela deusa grega estigmatizada e almejada por todos os pirralhos das várias gerações em seus sonhos e vícios solitários. Ela sempre existiu na vida de muitos marmanjos, aquela menina-mulher que deixou ébrio o mais inocente playmobil, lúdico brinquedo de infância. Aliás, foi de tanto brincar de playmobil e imaginar em braile essa diva que a turma da infância ficou conhecida como “A Turma do Playmobil”, em analogia à mãozinha do brinquedo que já era posicionada ao intento onanista. Logicamente, o apelido da turma continua até hoje, mas o sentido da mãozinha do brinquedo é também de tanto segurar um copo de bebida qualquer.
A menina-mulher, em comento, nunca prestava atenção ou dava ousadia aos pirralhos e muito menos pensava em se enroscar com um infante que quase era da sua idade. Na verdade, a menina porcelana dizia preferir homens na acepção adulta da palavra, excluindo-se, por conseguinte, toda pretensão dos infantes playmobil. Todos os adjetivos eram poucos para descrevê-la de modo fiel, só restando à memória corroída pelo juízo da adolescência lembrá-la de uma forma mais abrasiva. A menina porcelana era linda, cheirosa, elegante, poderosa e extremamente fogosa, ou seja, era o apetite dos sentidos adolescentes.
Com toda certeza, o homem que nunca teve uma deusa dessas como mito na infância pode ser considerado como um homem não vivido. Em consequência de toda essa admiração, quando pensavam em braile nesta menina-mulher, no recanto sossegado do banheiro, os marmanjos catavam tranquilamente:
“- Escute essa canção, que é pra tocar no rádio no rádio do seu coração...” (Moraes Moreira)
Logo em seguida a mãe enfurecida dizia:
“-Ô Menino, que demora é essa no banheiro? O que você está fazendo?”
Para apressar as idas e vindas do pensamento em braile, mudavam o repertório:
“- Pombo correio, voa ligeiro...” (Alceu Valença)
Em outras palavras, a menina-mulher era responsável pela inspiração das demoras no banheiro e pelas demais angústias sofridas da puberdade, principalmente na criação de espinhas e outros males. A tortura continuava e parecia inacabável, tendo-se em vista que a nossa diva saía com outros marmanjos mais velhos e nos jogava em um profundo estado letárgico que era um misto de amadurecimento e criancice. Aquela deusa parecia intocável, como uma estátua que só se cultua e não se cutuca, a não ser por um mancebo um pouco mais velho. Era um amor platônico em todas as suas dimensões.
A vontade de crescer logo era um desejo uníssono, então, como em uma fórmula mágica de desejo, olhamos para os lados e começamos a aumentar de tamanho, igualmente com todas as partes do corpo. Começamos a entender que tamanho também é documento, mesmo que seja documento de entrada e saída.
Aprendemos a lidar com a ansiedade e principalmente com as modificações do nosso corpo. Começamos a sair com outras garotas e vivenciar experiências inéditas, ora, sem embargos de retórica, aprendemos vivenciar o sexo naturalmente. Tudo normal na vida de um jovem e como diz o ditado popular: “depois que entra um boi, entra a boiada.”
Esse é um pensamento estranho quando nos referimos às mulheres que nos brindaram com suor e o amor na hora da entrega. Com todo esse exercício lascivo em prol da libertinagem adolescente, passamos a esquecer daquela menina porcelana que em outros tempos era o desejo de nossas realizações libidinosas, o sonho de consumo da imaginação infante. Nesse momento de liberdade do nosso amor platônico, perguntávamos: por onde anda aquela deusa? Será que ainda está linda?
Inevitavelmente o sujeito começa a fazer uma digressão para lembrar-se da última vez que viu a menina-mulher, sendo a última lembrança algo surpreendente. Algumas casam, engordam e ficam conhecidas como “cururu-de-tanga”. Outras ficam independentes demais e acabam encruadas, ficando para tia-avó. Há também aquelas que ficam até famosas e aí o sujeito lembra orgulhoso: “já amei muito essa mulher, mesmo que ela não saiba!”
Nessa incursão ao passado, lembrei-me da última vez que vi a minha menina porcelana. Ela estava desfilando em um conhecido concurso de moda, atraindo olhares muito mais promissores do que o meu. Logo me veio a lembrança da impossibilidade e a distância que me separar dela. Sonho impossível! Ela certamente já estaria alçando passos cada vez mais longínquos. Eu, um pirralho de outrora e o meu lúdico pensamento. Ora, lúdico é pensar que as nossas meninas porcelanas estão longe de nosso alcance.
Quem diria! Encontrei a dita cuja trabalhando em uma farmácia próxima ao local onde eu trabalho. Ela me reconheceu e contou todo o seu desiderato até aquele momento. Continuava muito exuberante, pelo menos à primeira vista, mas denunciava um ar cansado de quem muito dançou o “Samba do Crioulo Doido”. Cozinhar o juízo dela foi tão fácil quanto perder o juízo nos hediondos atos onanistas da juventude. O sonho daquele pirralho estava se realizando de uma maneira muito sossegada, como se fosse um retorno ao velho banheiro: “Escute essa canção, que pra tocar no rádio...” (Moraes Moreira).
Essa história realmente aconteceu com um amigo deste escriba, sujeito este que soube compreender que seu futuro foi muito mais feliz do que se tivesse realizado uma parte do passado. Naquele momento refleti as sábias palavras de sábio Vinícius de Moraes: “a vida é arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida.” Ao mesmo tempo lembrei-me das igualmente sábias palavras do filósofo Pranchú, o ícone de São José da Lagoa Tapada:
“Ser lúdico na infância é destino, mas continuar lúdico na maturidade é burrice!”

Assim Falou Pranchú!

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

GUIA UMA RODA: CONHEÇA O MUNDO PELO FUNDO



            Em analogia à conhecida revista Guia 4 Rodas, surgiu a ideia deste pequeno opúsculo, que visa estabelecer um parâmetro higiênico, cultural e social dos mais recônditos locais do Brasil em face do que convencionamos a chamar de Banheiro, Mictório, WC, etc. Em outras palavras, trata-se de um guia de rodagem e conhecimento do Brasil através dos banheiros. Entenda-se o termo "rodagem" na acepção mais prosaica da palavra, ou seja, o velho ato, costume, vício e/ou mania de cagar, mijar, escarrar e/ou descascar a macaxeira propriamente dita.
            Parafraseando o Código dos Biriteiros, a base epistemológica deste guia é "A Teoria" de Ariano Suassuna: "qualquer motivo serve para cagar ou mijar". Para conhecer o Mundo Através do Fundo faz-se necessária muita coragem e ousadia, pois onde há aquele cheiro fedorento de ovo podre, há fungos e bactérias. Nesse ínterim, mijar, cagar ou descascar em um ambiente como esse passa a ser uma tarefa que necessita de muito sangue-frio, pois é a mesma coisa de oferecer o bilau ou o boga em sacrifício. Há, porém, uma restrição a temática, em virtude do amplo campo de incidência da pesquisa, mas partiremos pelo princípio da roda. O princípio da roda surge da premissa “A Bunda e a Bondade em Nome da Humanidade”, em que o cidadão pesquisador botará, literalmente, o seu rabo na reta em prol da humanidade.
            Urge estabelecer, portanto, uma classificação de categorias de banheiros ou mictórios de forma que não vingue, de maneira enviesada, a profecia aguinaldiana do “é de bolo”. Arquitetonicamente os banheiros não diferem muito uns dos outros, eis que sua finalidade básica é sempre a mesma: cagar, mijar e/ou descascar. Em termos de paisagismo já diferem um pouco, podendo apresentar diferenças no que tange às louças (para mijadas individuais ou coletivas), às caixas de descargas com a cordinha que nunca funciona, ao bocal sem lâmpada, ao ralo coletivo, ao papel higiênico (quando tem) esfola brega, ao espelho rachado, às portas da privada tem sempre a frase “quem comeu fulaninha marque um X”, enfim, as mais diversas animosidades possíveis.
            Há também banheiros ou mictórios que oferecem uma atração a mais, permitindo na mijada in loco uma certa alternativa de lazer. Alguns mictórios possuem bolinhas de naftalina no receptáculo urinário, onde o mijante se sente fortemente atraído em treinar a pontaria nas naftalinas, ficando até orgulhoso quando consegue inverter a posição das bolinhas num jato só. Há outros mictórios que são decorados com aquelas metades de limão que sobraram das caipirinhas, com o pequeno inconveniente de atrair aqueles mosquitinhos de privada que ficam revoando a cara do cidadão mijante.
            Nesse sentido, diante da vasta gama de ambientes urinários, há um parâmetro para classificação do Guia Uma Roda, que surge da convicção de cada um pesquisador em potencial, dividindo-se nas seguintes classes de banheiros (fundamentadas nas disposições da Lei N.° 51, de 12 de fevereiro de 2000, o Código dos Biriteiros):
            A – Os Uma Roda (Classificação Máxima):
            B – Os Uma Rodinha (Qualidade Média):
            C – Os Utilizáveis (Qualidade Identificável):
            D – Os Imundos (Qualidade Suspeita);
            E – Os Antagônicos (Sem Qualidade Alguma, também conhecido como Banheiro Puta Que Pariu – BPQP, bem como outros adjetivos não menos elucidativos).
            É impossível um ser humano não ter adentrado em recintos como esses, nem o mais pio e devotado seguidor da cátedra do francês afrescalhado “toilette”. Se a vida é adjetivosa eu não sei! Só sei que o mundo pode ser conhecido através do ofício bogal. É na estupenda arte de exorcizar um caboclo, no momento de homenagear uma gazela ou no singelo ato de mijar que descobrimos o quanto conhecemos o mundo.
            É justamente imbuído desse sentimento que lembramo-nos das vetustas palavras de Pranchú, quando da descoberta que a merda nos faz melhores justamente porque descobrimos o verdadeiro sentido da prudência:
“Antes de falar, ouça. Antes de agir, pense. Antes de desistir, tente. Antes de cagar, veja se tem papel!”

            Assim Falou Pranchú!

terça-feira, 21 de agosto de 2012

O FAST-FOOD DO SERTÃO



         Menino de feições lânguidas, subtraídas da rigidez do sertão nordestino, mais especificamente do sertão pernambucano (Caruaru – PE), que denotava forte apego às suas raízes e demais culturas da região. Sujeito simples, de sobrancelhas com ares de humildade, mas que na realidade não passava de pura modéstia, a exemplo de sua inteligência e capacidade escamoteada por meio de atos simplórios e singelos.
         Papalvo e sem malícia, o sujeito em tela restringia-se a fazer divagações inteligíveis e profundas acerca de coisas simples da vida. Mais especificamente, o nosso protagonista gostava de filosofar sobre o pão nosso de cada dia, não na acepção da labuta, mas no sentido gastronômico mesmo. Em suma, o homem só falava em comida.
         O Programa Governamental denominado Fome Zero, inclusive, teve a inspiração perpetrada pelas ações e divagações do nosso herói. Sem dúvidas, não há como negar que o meio onde vivia influenciou o nosso guerreiro sertanejo a pensar com o bucho. Todos os fatos o remetiam a uma analogia gastronômica, por exemplo: pensar com o bucho, como foi dito acima, para ele significava pensar depois de ter comido uma buchada. E por aí vai.
         Na verdade ele não se importava com o que iria comer, mas se iria comer. Ao contrário do que os legentes possam pensar, ele não era um retirante da seca, muito menos um necessitado qualquer ou um mendicante enviesado, mas um sujeito que tinha estudo universitário e uma posição social privilegiada.
         Falar de comida para ele, mais do que um hobby, era um fetiche mesmo. Na hora do sexo, por exemplo, o nosso herói comia pensando em comida. Na hora do alarido sexual, no ápice do prazer, o guerreiro gemia em voz alta: “cuscuz”, “cozido”, “buchada”, “carne-de-sol” e mais um tanto de outras iguarias. Até mesmo no início de sua carreira sexual, o nosso herói teve o seu intróito relacionado com a gastronomia. Basta dizer que ele comeu um bode e depois comeu o bode, fazendo o que poderíamos chamar de “ménage à trois” caprinos-gastronômico.
O nosso Gourmet sertanejo, no entanto, foi acometido por uma vicissitude do destino, qual seja, foi designado para laborar em metrópole muito distante de sua provinciana cidade. Ele foi designado para trabalhar na Capital Federal. Triste com o seu desiderato, o protagonista que ora se cuida resolveu exasperar ainda mais o seu lado filosófico-gastronômico, tornando-se ainda mais aficionado por “cu-linária”.
         Chegou à cidade grande feito matuto e ficava olhando obliquamente para cima e para baixo, coçava o queixo e fazia careta. Olhava para toda aquela poluição visual e relacionava tudo com um bom prato de comida. Como um bom retirante pós-moderno, era muito fácil deduzir que ele saiu do sertão, mas o sertão não saiu de dentro dele.
         Começou a trabalhar muito, chegando até mesmo a esquecer a sua tara quase que sexual por desígnios alimentícios. Mas o pior é que ele foi apresentado às guloseimas mais modernas, tais como as titicas do McDonald’s, Bob’s, Rabbib’s, Aídentro’s e demais iguarias ruminantes.
         Dentro de pouco tempo o nosso Gourmet passou a ter surtos psicóticos agudos que se manifestavam corriqueiramente. O negócio estava tão feio que ele foi obrigado a buscar ajuda profissional, encontrando na figura do Dr. Stênio Amâncio Bode o acalento para suas agruras.
         O Dr. Bode, profissional interdisciplinar, aplicava toda a sua vetusta psicologia no sentido de gabaritar melhor o fanfarrão do sertão. Insistiu tanto com a psicologia que incutiu na cabeça do nosso herói a seguinte frase: “dizes o que comes que direis o quadrúpede que és!”
         O nosso protagonista parecia se acalmar diante das anestesiantes frases do Dr. Bode. Parecia que estava se curando, quando repentinamente teve uma recaída por causa do próprio Dr. Bode. Não era prosaica aquela recaída, pois a figura do Dr. Bode passou a representar as lembranças de tenra infância do fanfarrão do sertão, ainda mais quando lembrava das comilanças d’outrora, no sentido gastronômico e sexual da palavra.
         Hoje em dia o nosso guerreiro, autointitulado como Fast-food do sertão, passou a ser um cabra mais evoluído e sempre impregnado do espírito culinário. Como não tem cura para a sua endemia pessoal, o único prognóstico do nosso herói é transformar a sua tara em panacéia de alegria. E é isso que o sicofanta sempre fez!
         As histórias do Fast-food Sertanejo me lembram as encíclicas pranchunianas entabuladas em épocas de bulimia, termo neológico onde o oco da barriga esbarra no deveras da fome, muito utilizado por modelos e afins em suas andanças pelo mundo.
Dizem que quem tem boca vai a Roma. Meu fogão tem quatro e nunca saiu da cozinha!

         Assim falou Pranchú!