Alguns heróis místicos enfrentavam problemas
profundos, por vezes insolúveis. Para os antigos gregos, as suas histórias
trágicas demonstravam o quanto a estrutura humana é falível e todas as suas
desgraças eram originadas pela sua condição de homens. Talvez um dos mais
famosos heróis trágicos seja o tal do Édipo, em cuja história encontrou bem
definido um dos mais tormentosos conflitos a que se chamou “Complexo de Édipo”.
Pulando a parte escatológica e demasiada ficcionista da
lenda, o tal do Édipo, nome que significa “pés-inchados”, foi um sujeitinho
muito do cafajeste. Imaginem, fugiu da casa dos pais adotivos, matou o pai
natural, decifrou o enigma da uma esfinge (monstro com cabeça de mulher e corpo
de leão) e, por fim, traçou a mãe, uma rapariga chamada Jocasta. A Rede Globo
até fez uma libertinagem televisiva a respeito desse fato grego.
No final, todos descobriram o acontecido, Jocasta se enforcou e Édipo furou os seus próprios
olhos, partindo para o exílio. Esse é, em suma, o Complexo de Édipo. Contar
uma lenda grega, além de cultivar os espíritos mais ignorantes, talvez seja uma
ilustração para as realidades vivenciais.
Até o grande
psicólogo Sigmund Freud viu nesta lenda o
modelo de um conflito fundamental do homem. Negócio de baitola mesmo.
Entretanto, muitas das situações vivenciadas hoje em dia são resultados de
profunda ignorância, outras, em simultâneo com essa ignorância, são profundas
carências afetivas e angustiantes frustrações sentimentais que levam os homens
a se agarrarem a antigas lendas para mitigar situações psíquicas, por vezes bem
confusas que os atormentam.
É o caso, por exemplo, do político
em vias de votação no Congresso Nacional. Em tempos de emendas, reformas e
outras construções, o político se vê às voltas de uma profunda crise
existencial, regada a mensalão, jetons, batons e outros tons. Esse angustiante
complexo humano cria uma espécie de arquétipo com o sujeito público em fase de
votação.
Parece uma definição abstrata e de
difícil compreensão, mas é fácil de ser encontrado no Congresso Nacional. Ora,
eles aparecem na televisão, defendem a nação e posam como justiceiros
representativos. Mas, em nenhum momento questionam os jetons e mensalões da
vida, não têm empatia com a vontade geral da nação e aproveitam o tempo para
articulações políticas, afinal, tão logo estarão aposentados. Os políticos, em
geral, legislam o que não dói no seu bolso.
Eis que surge o tal do Édipo na
política, em que o político mata os pais adotivos (os eleitores), decifra o
enigma da esfinge (vota em projetos de interesse particulares), mas não traça a
mãe dele, a messalina chamada Jocasta, afinal, ele não é a besta mitológica
d’outrora. Ele fode mesmo é a mãe dos outros.
O político, então, se resigna ao
Complexo de Édipo, mas não sofre por ter lascado a mãe alheia. Ou seja, lamento
pelo que votei, mas não pelo que ganhei. Assim é a vida, uns sofrem pelo que
tem e outros pelo que não tem. Há, ainda, os que sofrem pelo que têm, pelo que
os outros também têm e pelo que os outros não vão ter mais. É o Complexo de
Édipo com a mãe alheia.
A infelicidade do político é
indubitavelmente filha da ignorância mesclada com fracasso sentimental e
carências profundas. Infelicidade de político é não poder revogar a Lei da
Relatividade por intermédio de Lei Ordinária, pois o resto ele pode tudo. Essa conclusão
remota as encíclicas pranchunianas referente à mistura da política com a
química orgânica:
“O grau máximo da política e da química
orgânica é estruturado pela seguinte fórmula: 2 meteno e 1 bezeno!”
Assim falou Pranchú!
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